BÚSSOLA: Brasileiros dividem opiniões até sobre programas sociais, aponta estudo
20 de outubro de 2021
*Um conteúdo Bússola produzido pelo nosso profissional André Jácomo
Em um país com pobreza e desigualdade tão acentuadas como no Brasil, os programas sociais fazem parte do cardápio obrigatório de políticas públicas voltadas para o bem-estar social.
Não são poucos os brasileiros que dependem de programas sociais para sobreviver: aproximadamente 66 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial no ano mais agudo da pandemia e mais de 14 milhões de lares são dependentes de recursos do Bolsa Família. Isso considerando apenas os dois principais programas de transferência do governo federal.
No entanto, as opiniões e a imagem dos brasileiros sobre os programas sociais estão longe de serem uma questão consensual. Por conta das preferências e das motivações políticas dos indivíduos, os programas sociais sempre surgem como um tema importante no debate da agenda dos ciclos eleitorais.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto FSB Pesquisa mostra que os brasileiros rigorosamente dividem-se em relação ao papel do Estado na questão de assistência social.
O estudo, que foi feito com uma amostra de 2.000 brasileiros e controlada para representar a proporcionalidade da sociedade brasileira por sexo, idade, escolaridade e região, mostrou que 76% da opinião pública do país concorda que a pobreza no país está ligada a questões estruturais, como a falta de oportunidades iguais para todos. No entanto, há uma clara divisão em relação à participação do governo na superação das desigualdades estruturais.
A pesquisa mostrou que 48% dos brasileiros concordam com a tese mais liberal, vinculada à autonomia, que “todos são capazes de melhorar de vida por conta própria e a ajuda do governo acaba as deixando acomodadas”. Por outro lado, 47% concordam com a frase que sugere uma participação do Estado na superação das desigualdades, em que “as pessoas precisam da ajuda do governo para melhorar de vida”. Outros 9% não responderam à pergunta.
Há nítidas mudanças de opiniões entre os diferentes perfis sociodemográficos na pesquisa. A primeira frase tem concordância maior entre pessoas mais velhas, moradores de capitais e das regiões Sudeste e Sul do país. Já a segunda frase tem maior adesão dos jovens, moradores das periferias urbanas e do Nordeste.
Os dados claramente refletem a polarização política a qual o Brasil inseriu nos últimos anos e a opinião sobre a importância dos programas sociais é só mais um sintoma.