Ilusões e sonhos da bola
9 de janeiro de 2011
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FRANCISCO SOARES BRANDÃO
Ronaldinho Gaúcho está em leilão. Adriano já esteve em leilão. Ronaldo, que uma dia foi Fenômeno, também.
O trio, só para ficar nele, ganhou fama e notoriedade no futebol porque sabia jogar. Ronaldinho, Ronaldo, Adriano brincaram com a bola desde criança. Ganharam desenvoltura e criatividade. Cresceram nos gramados. Do Brasil para o exterior, seguiram a rota natural dos craques.
Viveram celebridade. E se perderam na vida. O brilho da noite os atraiu quase tanto, ou mais, do que a grama e a euforia da torcida. Adriano voltou ao Brasil, venceu no Flamengo e retornou à Europa para uma jornada sem lances magistrais e cheia de dificuldades. Ronaldo está no Corinthians, o peso acima, tentando recuperar a forma perdida na mesa, controlando a bola às vezes, às vezes sendo driblado por ela.
Ronaldinho Gaúcho é, por ironia e com perdão do lugar comum, a bola da vez.
Entediado com Milão, talvez, entediado com a grama, quem sabe, entediado com o frio europeu, é possível, resolveu que não queria mais ficar no Milan.
Deixou a equipe em Dubai e desembarcou no Brasil para se fartar de churrasco no Rio e curtir a noite, e as lindas brasileiras, de Florianópolis.
Misto de irmão e empresário, Roberto Assis, que um dia jogou no Grêmio, se desdobra entre Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, no comando do leilão pelo melhor lance para Ronaldinho.
O marketing esportivo faz milagres. Eficiente e bem utilizado, vende ilusão e sonhos.
É o que assistimos mais uma vez.
Há quanto tempo não se vê uma foto de Ronaldinho em campo? Quase diariamente, porém, ele está na mídia, em boates, batucando pandeiros, em pagodes, abraçado a velhas mulheres, na praia, na pelada, num amigável futevôlei.
Os torcedores, contudo, influenciados pelo marketing do leilão, acreditam ainda no Ronaldinho que um dia foi o melhor do mundo, eleito pela Fifa. Um encantador da bola, eficiente nas jogadas a gol no Grêmio, no Paris Saint-Germain, no Barcelona, no Milan.
Agrupam-se para ampliar a voz e convencê-lo a jogar no Flamengo, no Palmeiras ou voltar ao Grêmio. Quem sabe, até no Corinthians.
Estão certos de que serão campeões das disputas regionais, da nacional, da Libertadores, campeões do mundo apenas porque terão Ronaldinho no time.
Ronaldinho Gaúcho completará 31 anos em março. Está distante dos 17 anos em que integrou a
Seleção Brasileira na Copa América de 1999.
É uma atleta em ocaso. Ainda vale tanto? Ainda rende tanto? Ainda tem tanto a encantar e a criar em campo?
Os clubes brasileiros sempre viveram dias difíceis. Raros são os que ostentam os cofres equilibrados.
Os que disputam Ronaldinho correm atrás de patrocinadores para bancar o preço ofertado. E o preço é alto, muito alto por um jogador que ensaia os últimos suspiros na grama e, certamente, não é salvador da pátria rubro-negra, verde-e-branca ou branca-azul-e-preto.
O Brasil, sabemos todos, é um celeiro de novos jogadores de futebol. De encantadores da bola.
A cada dia, surge uma nova revelação, uma promessa.
Não seria o caso de investir no futuro? Certamente sim.
FRANCISCO SOARES BRANDÃO é empresário e rubro-negro.