Nonato Guedes
23 de janeiro de 2011
FSB | O Norte | Nonato Guedes | PB | 23 de janeiro de 2011
Senadores: perfil
A nova legislatura no Senado, a ser instalada no começo de fevereiro, é pontuada pela diversidade e, também, por uma renovação de 57% em comparação com 2010. Políticos de idades variadas e de perfil heterogêneo tomarão assento para participar das discussões de temas nacionais. Com 87 anos, Garibaldi Alves, do PMDB potiguar, será o mais velho dos 81 parlamentares da qüinquagésima quarta legislatura. Ele tem um ano a mais que Epitácio Cafeteira, do PTB do Maranhão. Assumiu recentemente o mandato no lugar de Rosalba Ciarlini, do DEM, empossada no governo daquele estado.
Como o mais idoso, de acordo com relato da Agência Senado, Garibaldi Alves, pai do também senador Garibaldi Filho, nomeado ministro da Previdência do governo de Dilma Rousseff, terá algumas prerrogativas excepcionais, como a de presidir sessões em caso de ausência de membros titulares da Mesa. No outro extremo etário, Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, assumirá a vaga com 38 anos, apenas três acima da idade mínima exigida para o cargo. O segundo senador mais jovem da legislatura vai ser Lindberg Farias, do PT do Rio, com 41 anos, que é natural da Paraíba.
Lindberg foi líder do movimento dos “cara pintadas”, que pedia o impeachment de Fernando Collor na presidência da República. Ele dividirá cadeira com Collor, que tem mais quatro anos de mandato, e com o mineiro Itamar Franco, que sucedeu a Collor no Planalto quando do seu afastamento. Randolfe Rodrigues iniciou sua carreira política no Partido dos Trabalhadores. Professor de Direito, filiou-se ao PSOL em 2005.
Sarney é recordista
José Sarney, do PMDB do Amapá, mas com raízes no Maranhão, é um dos mais antigos. Ex-presidente da República (assumiu, como vice, com a morte de Tancredo Neves), está no seu quinto mandato. É recordista, igualmente, na presidência do Senado. Por três vezes foi eleito para a função, e nega pretensão de continuidade, embora costume se jactar de “medidas moralizadoras” adotadas na sua atual gestão.
Ressalta que o seu interesse é o de colaborar com a presidente Dilma Rousseff, e contribuir para reformas que estão encalhadas, entre as quais a tributária e a política-eleitoral. “No Senado, não há espaço para segredos”, enfatiza Sarney, aludindo à transparência que teoricamente vigora na Casa. Atribui a si o desafio de ter determinado apuração rigorosa de denúncias de irregularidades contra parlamentares.
Advogados lideram
Entre os representantes de categorias que se elegeram, a bancada dos advogados é expressiva: são quatorze, contra onze empresários, dez professores (do ensino fundamental ao ensino universitário), nove engenheiros, em sua maioria civis, seis economistas e seis jornalistas. Há, ainda, historiadores, odontólogos e pedagogos.
Servidores públicos, pecuaristas, médicos, metalúrgicos, evangélicos e radialistas, completam a composição heterogênea do Congresso. Essa miscelânia vem se repetindo há décadas. Alguns empresários justificam que cansaram de financiar políticos e consideram-se mais identificados com a defesa dos seus interesses. A formação de blocos não se dará por afinidade profissional mas por identidade política.
CPMF sem apoio
Uma pesquisa realizada pelo Instituto FSB, ainda no final do ano passado, e reproduzida na íntegra, agora, pelo site “Congresso Em Foco”, confirma a rejeição da maioria de senadores e deputados à recriação da CPMF, que foi derrubada no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que passaria a ter novo rótulo: Contribuição Social para a Saúde. O Democratas é um dos mais radicais contra a CSS.
O levantamento sinalizou que 56% dos deputados repudiam a antiga CPMF, enquanto 52% dos senadores são taxativamente contrários. Um outro detalhe mencionado é que há uma sintonia fina entre as prioridades elencadas pela presidente Dilma Rousseff e as reivindicações dos parlamentares. Cientistas políticos acham que isto pode significar tranqüilidade para a missão da presidente em matérias polêmicas.