Pesquisa revela que parlamentares fogem de um rótulo ‘ideológico’
20 de janeiro de 2011
FSB | Globo.com | País | RJ | 20 de janeiro de 2011
BRASÍLIA – Os deputados e senadores que tomam posse em fevereiro e vão integrar o novo Congresso Nacional não se arriscam mais a dizer se seus partidos são de esquerda ou direita. Um levantamento realizado pelo Instituto FSB-Pesquisa revela que os parlamentares adotam uma postura cautelosa no quesito ideológico.
Numa linha de 0 a 10 entre extrema esquerda e extrema direita, a média partidária ficou em 5, e a média individual dos parlamentares, em 4,7. ( Confira a nova composição da Câmara e do Senado )
” Atualmente, nenhum político quer ser de extrema esquerda ou de extrema direita. Portanto, ser de centro virou pop ”
Nem mesmo o PT se declara um partido de esquerda. Os petistas deram uma nota 4,1 para o grau ideológico da legenda, muito mais próxima da posição de centro. Pela pesquisa, o partido que se posicionou mais para esquerda foi o PCdoB, que ficou com nota 3,1. Já o partido mais a direita foi o DEM, que aparece na tabela com nota 6,3. O partido de oposição ficou bem perto da nota de outros dois partidos da base aliada: o PP, com nota 6 e o PR, com nota 5,9.
Isso revela que o espectro ideológico do governo Dilma é amplo com partidos de vários segmentos. No centro ideológico, aparecem os partidos de oposição, como PSDB, com nota 5,3, e o PPS, com 4,9, e partidos da base aliada, como o PMDB, com nota 5,5 e PTB, com nota 5,3. Já o PDT ficou com nota 3,8 e o PSB com nota 4,5.
– Atualmente, nenhum político quer ser de extrema esquerda ou de extrema direita. Portanto, ser de centro virou pop. Ser de direita tem o estigma da ditadura militar. E ser de extrema esquerda é inadequado para os tempos modernos. Por isso, desde a Constituinte, até a linguagem mudou: os parlamentares costumam usar o termo conservador para identificação de direita, ou progressista, para quem é de esquerda – observou o cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília.
Para esta pesquisa, foram entrevistados 307 deputados federais (181 reeleitos e 126 novos) e 33 senadores (5 reeleitos, 16 novos e 12 com mandato até 2015). Ao todo, foram 340 entrevistas, totalizando 57% dos parlamentares da nova legislatura, entre os dias 6 e 17 de dezembro. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
Quando questionados sobre qual partido tem melhor relacionamento, além de sua legenda, 18% dos parlamentares responderam o PT, 16% citaram o PSB, outros 13% preferem o PMDB e 10% o PSDB. Entre os deputados petistas, o PSB é considerado o partido de melhor relação com 38% das citações. Já o PMDB, partido preferencial da aliança, recebeu apenas 16% das citações.
” O PMDB é o grande partido de centro que precisa estar na base de qualquer governo. Ou seja, é o partido que todo o governo quer ficar, mas não quer ter relacionamento ”
– O PMDB é o grande partido de centro que precisa estar na base de qualquer governo. Ou seja, é o partido que todo o governo quer ficar, mas não quer ter relacionamento – resume David Fleischer.
Na pesquisa, chama a preferência dos parlamentares pela relação com o PSB. Além da preferência explícita do PT, o PSB é citado como melhor relacionamento por 21% dos tucanos. Para Fleischer, a explicação pela preferência dos partidos pelo PSB está no fato do partido ter um bom relacionamento nos estados com o PSDB e no plano nacional com o PT. O que coloca o PSB numa situação de destaque, por ser cobiçado tanto pelo governo como pela oposição para aliança em 2014.